quinta-feira, 27 de maio de 2010

Olhos




Eu sinto em ti uma força vibrante
Que, por vezes, se transmuta em paixão violenta.
Mas, não sei como, nem porque,
Há uma constância nessa inconstância
Que mantém os meus pés firmes no chão.
A ciência não me explica
Mas, sendo humano,
Aos poucos aprendo a ler,
Nos teus olhos de cólera, “Eu te amo!”.

Felipe Fonseca
Belém, 30 de junho de 2009.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tarde Cinzenta


Sabe aqueles dias estranhos em que nos vem uma tristeza, assim de repente? Uma tristeza sem motivo aparente. Um aperto na garganta. Um peso na consciência, como se sentíssemos culpa por algo. Uma sensação de não pertencermos a esse mundo. Pelo menos não como ele se nos apresenta. Solidão. A opinião revoltada de nos sentirmos injustiçados... Será? Num certo dia desses resolvi derramar minhas lágrimas sobre o papel e registrar minha tristeza e todo o meu pessimismo momentâneo:

A chuva cai à tarde.
Uma imensa massa cinza
Pesa sobre meus ombros como uma bigorna.
Sem pensar em nada, sinto-me nostálgico
Como se lembrasse de um tempo feliz
Que vivi não sei onde, nem quando.
Mas a felicidade não existe nesse mundo;
Nesse mundo só existem a chuva, as tardes e tristeza.

Felipe Fonseca
Belém-PA, 12 de dezembro de 2006.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Samba-choro


Ah, esse samba choro que quando escuto choro...

Choro a pensar nas coisas que vivi:

Chorinho de amor - choro de saudade,

Chorinho alegre - choro de nostalgia


Em cada canção vejo lembranças,

Momentos que não voltarão.

Choro ritmado - coração descompassado no andamento da melodia

Minha alma sempre chora, num samba-choro,

Toda a melancolia.


Felipe Fonseca

Belém-PA

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ela


Falta Ela?
Falta tudo
Tudo é falta,
Tudo é Ela.

Falta é tudo
Ela? É falta
Dela tudo falta;
Tudo dela.

Ela é tudo!
Falta? É Ela
De tudo, Ela é falta
Da falta, tudo é Ela.

E nessa falta –
Falta dela
Quisera eu faltasse tudo
Que tudo fosse falta,
Menos Ela.

Felipe Fonseca
Belém, dezembro de 2002.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Faces


Quando menina,

És pétala de flor,

És fruta fresca,

Doçura suave deixada na boca.


Se mulher,

És ímpeto e vigor,

Onda de mar agitado

A penetrar em corações de rocha.


És, então, tempestade:

Nuvens preenchendo o imenso vazio de meu céu;

Trovão rompendo o silêncio de meu querer;

Relâmpago iluminando meu cantar.


E és, igualmente, um rio calmo,

Banho de cachoeira,

Passeio de mãos dadas em campos de girassóis.


E te sabendo assim - em duas faces:

Serena e forte,

Rápida e meiga,

Amante, amiga


Que me falta ainda descobrir?

Que mais em ti posso querer,

Se és menina e és mulher

Em meu cantar, em minha vida?


Felipe Fonseca

Belém-PA, 11 de dezembro de 2002